fotos: Jordane Câmara
Apesar do nome do evento poder suscitar certo espanto, o Punk Jazz nada tem a ver com arte
conceitual ou com pretensões a apresentar alguma nova mistura ou experimentação
destas que acabam fazendo da arte um ring de estupro do apelativo.
Quem esbarrar na simplicidade dos 4 integrantes da banda,
que volta a se apresentar no Blues
Velvet esta terça, dia 17 de julho, poderá até duvidar do fato de que sejam
artistas.
Após 5 minutos de atenção no som feito por Xandão
(baixo), Wslley Risso (guitarra), Victor Bub (bateria) e Giann Thomasi (sax), no
entanto, estamos convidados a entrar num universo de incríveis técnica,
intensidade e bom gosto sonoros onde acredito ser bem fácil entender o nome do
projeto – que faz menção a uma música do grande grupo de jazz-fusion Weather Report.
Aos amantes do underground e das descobertas de tesouros
urbanos muito recomendo comparecerem neste bar que, dada sua localização e
charme lo-fi, possibilita que o jazz tenha muito mais do que o volume de música
ambiente.
Acredito que estamos diante de 4 músicos profissionais e adultos,
já maduros esteticamente e sabendo o que querem de si mesmos e do som.
Vale a pena prestar atenção na personalidade dos
instrumentos dentro de cada tema para que se sinta a presença destes quatro
cidadãos na execução de uma música que em muitos aspectos é criada na nossa
frente.
Um comentário comum de amigos que simpatizam com o jazz é
o da dificuldade que têm em “entender tudo” o que se passa numa execução deste
tipo de som.
Compreendo-os muito bem, em parte por sempre sentir o
mesmo (e achando que a graça é essa) e em parte por perceber que tal sensação
pode ter muito a ver simplesmente com a baixa atenção que os meios tradicionais
de comunicação em nosso país dão ao estilo, fazendo com que a formação de uma
familiaridade natural que se dá, bem ou mal, com outros tipos de música não seja
tão comum em relação a ele.
De fato, não é casual a alcunha de “música inteligente”
que o jazz tem. O estranho é que batizando-o assim por vezes se esqueça que altos
teores de força, irrazão e paixão estão igualmente presentes no mesmo. Afinal,
trata-se de um som atravessado essencialmente pelo improviso, o que
naturalmente podemos pensar justo como um desafio à inteligência.
A recompensa por adentrar no mundo do jazz é o de
adquirir o vício em uma música que de tão sensual e inteligente (pela
quantidade de informações e pela exuberância da execução) parece poder
entorpecer naturalmente o ouvinte, como o cheiro de uma boa cachaça, o gosto de
um bom papo, uma carícia amorosa ou, simplesmente, a certeza da participação no
pleno gozo da vida.
2 comentários:
Sensacional! Podem dizer;
Estar!!!
Somente isso. o resto é jazz...
De:
Django Aligator Hart!!
Poder-se-ia dizer que toda a história do jazz é um história Pank. Músicos que tiveram que enfrentar o pré-conceito musical e o preconceito racial para tocar em lugares em que não poderiam entrar negros,muitos eram barrados quando não estavam em serviço de sua própria música.Músicos como Chet baker,Charles Parker eram obrigados a tocar horas por algumas esmolas que recebiam em doses de veneno, para aliviar a dor e a segregação que eram imposta a eles.Mesmo Chet sendo branco sua musica era negra demais..
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