domingo, 15 de julho de 2012

Tesouro underground em Floripa: o som e a fúria do Punk Jazz


fotos: Jordane Câmara

Apesar do nome do evento poder suscitar certo espanto, o Punk Jazz nada tem a ver com arte conceitual ou com pretensões a apresentar alguma nova mistura ou experimentação destas que acabam fazendo da arte um ring de estupro do apelativo.

Quem esbarrar na simplicidade dos 4 integrantes da banda, que volta a se apresentar no Blues Velvet esta terça, dia 17 de julho, poderá até duvidar do fato de que sejam artistas.


Após 5 minutos de atenção no som feito por Xandão (baixo), Wslley Risso (guitarra), Victor Bub (bateria) e Giann Thomasi (sax), no entanto, estamos convidados a entrar num universo de incríveis técnica, intensidade e bom gosto sonoros onde acredito ser bem fácil entender o nome do projeto – que faz menção a uma música do grande grupo de jazz-fusion Weather Report.

Aos amantes do underground e das descobertas de tesouros urbanos muito recomendo comparecerem neste bar que, dada sua localização e charme lo-fi, possibilita que o jazz tenha muito mais do que o volume de música ambiente.

Acredito que estamos diante de 4 músicos profissionais e adultos, já maduros esteticamente e sabendo o que querem de si mesmos e do som.

Vale a pena prestar atenção na personalidade dos instrumentos dentro de cada tema para que se sinta a presença destes quatro cidadãos na execução de uma música que em muitos aspectos é criada na nossa frente.
    

Um comentário comum de amigos que simpatizam com o jazz é o da dificuldade que têm em “entender tudo” o que se passa numa execução deste tipo de som.

Compreendo-os muito bem, em parte por sempre sentir o mesmo (e achando que a graça é essa) e em parte por perceber que tal sensação pode ter muito a ver simplesmente com a baixa atenção que os meios tradicionais de comunicação em nosso país dão ao estilo, fazendo com que a formação de uma familiaridade natural que se dá, bem ou mal, com outros tipos de música não seja tão comum em relação a ele.

 
De fato, não é casual a alcunha de “música inteligente” que o jazz tem. O estranho é que batizando-o assim por vezes se esqueça que altos teores de força, irrazão e paixão estão igualmente presentes no mesmo. Afinal, trata-se de um som atravessado essencialmente pelo improviso, o que naturalmente podemos pensar justo como um desafio à inteligência.

A recompensa por adentrar no mundo do jazz é o de adquirir o vício em uma música que de tão sensual e inteligente (pela quantidade de informações e pela exuberância da execução) parece poder entorpecer naturalmente o ouvinte, como o cheiro de uma boa cachaça, o gosto de um bom papo, uma carícia amorosa ou, simplesmente, a certeza da participação no pleno gozo da vida.










2 comentários:

Anônimo disse...

Sensacional! Podem dizer;
Estar!!!
Somente isso. o resto é jazz...

De:
Django Aligator Hart!!

Anônimo disse...

Poder-se-ia dizer que toda a história do jazz é um história Pank. Músicos que tiveram que enfrentar o pré-conceito musical e o preconceito racial para tocar em lugares em que não poderiam entrar negros,muitos eram barrados quando não estavam em serviço de sua própria música.Músicos como Chet baker,Charles Parker eram obrigados a tocar horas por algumas esmolas que recebiam em doses de veneno, para aliviar a dor e a segregação que eram imposta a eles.Mesmo Chet sendo branco sua musica era negra demais..