terça-feira, 24 de julho de 2012
domingo, 15 de julho de 2012
Tesouro underground em Floripa: o som e a fúria do Punk Jazz
fotos: Jordane Câmara
Apesar do nome do evento poder suscitar certo espanto, o Punk Jazz nada tem a ver com arte
conceitual ou com pretensões a apresentar alguma nova mistura ou experimentação
destas que acabam fazendo da arte um ring de estupro do apelativo.
Quem esbarrar na simplicidade dos 4 integrantes da banda,
que volta a se apresentar no Blues
Velvet esta terça, dia 17 de julho, poderá até duvidar do fato de que sejam
artistas.
Após 5 minutos de atenção no som feito por Xandão
(baixo), Wslley Risso (guitarra), Victor Bub (bateria) e Giann Thomasi (sax), no
entanto, estamos convidados a entrar num universo de incríveis técnica,
intensidade e bom gosto sonoros onde acredito ser bem fácil entender o nome do
projeto – que faz menção a uma música do grande grupo de jazz-fusion Weather Report.
Aos amantes do underground e das descobertas de tesouros
urbanos muito recomendo comparecerem neste bar que, dada sua localização e
charme lo-fi, possibilita que o jazz tenha muito mais do que o volume de música
ambiente.
Acredito que estamos diante de 4 músicos profissionais e adultos,
já maduros esteticamente e sabendo o que querem de si mesmos e do som.
Vale a pena prestar atenção na personalidade dos
instrumentos dentro de cada tema para que se sinta a presença destes quatro
cidadãos na execução de uma música que em muitos aspectos é criada na nossa
frente.
Um comentário comum de amigos que simpatizam com o jazz é
o da dificuldade que têm em “entender tudo” o que se passa numa execução deste
tipo de som.
Compreendo-os muito bem, em parte por sempre sentir o
mesmo (e achando que a graça é essa) e em parte por perceber que tal sensação
pode ter muito a ver simplesmente com a baixa atenção que os meios tradicionais
de comunicação em nosso país dão ao estilo, fazendo com que a formação de uma
familiaridade natural que se dá, bem ou mal, com outros tipos de música não seja
tão comum em relação a ele.
De fato, não é casual a alcunha de “música inteligente”
que o jazz tem. O estranho é que batizando-o assim por vezes se esqueça que altos
teores de força, irrazão e paixão estão igualmente presentes no mesmo. Afinal,
trata-se de um som atravessado essencialmente pelo improviso, o que
naturalmente podemos pensar justo como um desafio à inteligência.
A recompensa por adentrar no mundo do jazz é o de
adquirir o vício em uma música que de tão sensual e inteligente (pela
quantidade de informações e pela exuberância da execução) parece poder
entorpecer naturalmente o ouvinte, como o cheiro de uma boa cachaça, o gosto de
um bom papo, uma carícia amorosa ou, simplesmente, a certeza da participação no
pleno gozo da vida.
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